Para realizar a primeira parte da jornada – Itu-Montevidéu –, os jornalistas Cesar Urnhani (piloto de testes), Eduardo Passo (Quatro Rodas) e Vagner Aquino (Jornal do Carro) revezaram-se ao volante do EV6. Vale destacar, porém, que o planejamento da viagem teve início dois meses antes, em janeiro de 2022, cuja tarefa mais árdua foi checar os pontos de carregamento em território brasileiro, especificamente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De Chuí, no extremo Sul do País, até Montevidéu, havia – e há – garantia de carregamento, já que o Uruguai possui a infraestrutura das Rotas Elétricas, com pontos de abastecimento entre 7quilowatts/h e 43 quilowatts/h, na média.
Embora a autonomia do EV6 seja de 530 km, os organizadores da jornada entenderam por bem “trabalhar” com uma margem de segurança, ou seja, de 480 km. A diferença de 50 km ficaria por conta dos possíveis pontos de carregamento programados, mas inativos, fato que ocorreu na cidade de Pelotas, penúltima cidade brasileira antes da divisa Brasil-Uruguai, ou ainda, em caso de manutenção desses pontos ou até mesmo ocupados por longo período por outro usuário de carro elétrico.
Trecho por trecho - No dia anterior ao início da viagem, os jornalistas convidados para realizar a jornada “Kia EV6 Experience” foram recebidos pelo presidente da empresa, José Luiz Gandini, e por Gustavo Gandini, diretor de Operações, e, na sequência, o briefing e o treinamento sobre o EV6.
Na manhã seguinte, 17 de março, o início da viagem contou com os registros fotográficos da largada. A bordo do EV6 foram os jornalistas Cesar Urnhani, Eduardo Passos e Vagner Aquino. Na unidade de apoio operacional, uma Kia Carnival, todas as bagagens e mais quatro integrantes da expedição: engenheiro, assessor de imprensa, fotógrafo e videomaker.
O primeiro trecho 756 km, de Itu a Florianópolis, foi feito em 13 horas, com três paradas para carregamento: posto Graal/Buenos Aires em Registro (SP), posto Túlio Caraguatá em Campina Grande do Sul (PR) e posto Sinuelo Sul em Araquari (SC). “Inicialmente o planejamento seria somente com duas paradas”, explica Márcio Alexandre, “uma no Graal Buenos Aires e outra no Sinuelo Sul. Mas optamos por uma parada intermediária em Campina Grande do Sul (PR) como ´prevenção´, já pensando em um suposto ´imprevisto´ na estação de carregamento do posto Sinuelo Sul e, com esse planejamento, poderíamos chegar até o hotel em Florianópolis”.
Em Registro, o carregamento ocorreu em pouco mais de uma hora, já que se tratava de uma estação de carregamento rápida da EDP; em Campina Grande do Sul, a estação de carregamento era do tipo “wall box”, muito lenta; e em Araquari, novamente carregamento rápido do eletroposto Celesc. A expedição chegou ao hotel Slaviero, em Florianópolis, por volta das 21h, onde o EV6 foi conectado a uma estação também lenta do tipo “wall box”.
A segunda etapa da viagem compreendeu Florianópolis a Porto Alegre, trecho com 454 km. O EV6 largou com autonomia de 514 km, suficiente para alcançar a capital gaúcha. No entanto, o engenheiro da Kia havia programado uma parada, de modo a chegar no Hotel Deville, onde também existe um ponto de carregamento, com maior autonomia possível, o que evitaria espera mais longa. Ainda assim, a expedição fez duas paradas: uma no Ipiranga Cabeçudas, em Laguna (SC), e outra no posto Petrosimon, em Maracajá (SC). Pura precaução.
“O trecho percorrido até a segunda parada foi de 207 Km, onde encontramos uma estação de carga rápida do projeto Eletroposto Celesc. A ativação foi feita por meio do cartão da Celesc que se encontra no caixa da loja de conveniência do posto. Durante esta parada, observamos algo que é constantemente discutido em nossa avaliação técnica de consumo de energia; o trecho percorrido, no odômetro, foi de 207 km - saída de Florianópolis com 2.689 km e chegada no posto Petrosimon com 2.896 km), porém, ao calcular a autonomia, vimos que a diferença entre a saída de Florianópolis (autonomia 514 km e a chegada ao posto Petrosimon com autonomia de 294 km) mostrava uma diferença de 220 km. Ou seja, a maneira de condução do veículo tem total influência na autonomia do
veículo”, destaca Márcio Alexandre.
De Porto Alegre a Pelotas, trecho de 263 km, não foram realizados recarregamentos. Após abastecer na estação do tipo “wall box”, de 11 quilowatts/h, no estacionamento do Hotel Deville, a expedição seguiu direto para o hotel Jacques Georges, em Pelotas, a penúltima cidade antes de cruzar a fronteira com o Uruguai, onde o EV6 pernoitou “conectado” a uma estação comum de 220 volts, de apenas 1 quilowatt/h. Na realidade, objetivava-se fazer o carregamento no estacionamento da Unimed Pelotas, inicialmente. Mas o ponto foi desativado, quando na verdade o mapeamento indicava como ativo.
O quarto trecho, de Pelotas ao Chuí, foi o mais desafiador. São 260 km de distância; a autonomia anotada no hotel Jacques Georges era de 239 km. A próxima parada foi no Paradouro Costa Doce, no Taim, a 142 km. Pouco antes do almoço, a expedição chegou no posto com apenas 69 km de autonomia, quando – em realidade – o correto era ter chegado com 97 km (239-142=97 km). “Acontece que a maneira de conduzir o veículo não altera a distância, mas pode alterar a autonomia e foi exatamente isso que ocorreu”, analisa Márcio Alexandre. “Se tivéssemos conduzido o veículo de maneira econômica, poderíamos ter um ganho na autonomia e menor tempo de recarga”, enaltece.
Por conta do carregador comum de 220 volts no Paradouro Costa Doce, o EV6 permaneceu naquele local das 11h30 às 19h, já na escuridão dos pampas. E ainda com apenas 118 Km de autonomia (e não com os 130 km), devido às fortes oscilações que estavam ocorrendo na rede de energia do posto.
Diante desse cenário, uma decisão foi tomada: o experiente piloto e expert em pneumáticos, Cesar Urnhani, sugeriu elevação da pressão dos pneus e adotar modo de condução do automóvel mais econômico, para vencer os 118 km restantes. Sucesso. Chuí brasileira e Chuy uruguaia foram alcançadas com êxito para, na sequência, ter mais um obstáculo.
Do Paradouro Costa Doce ao Posto ANCAP Chuy, já em território uruguaio, foram percorridos 120 km. O EV6 estacionou diante da estação de carregamento do ANCAP com 28 km de autonomia. Houve um ganho de 26 km somente com a maneira de dirigir. Nos trechos anteriores, o saldo de autonomia foi negativo, em razão do modo de condução, subidas, trânsito em alguns trechos... No trecho de 120 km, o saldo foi positivo.
Depois da tensão, alívio por ter chegado no Chuy uruguaio. Ainda mais aliviado por chegado no ANCAP. Agora diante de uma estação de recarga da UTE (companhia de energia do Uruguai) e uma grande surpresa: a estação não tinha o cabo de conexão com o veículo! Isso mesmo. Não houve explicações sensatas, mas o escritório regional da UTE em Chuy retira o cabo de conexão durante o período noturno. O fato é que a equipe teve de pernoitar em Chuí/Brasil. No dia seguinte, decidiu-se que não havia necessidade de sete integrantes da expedição permanecerem naquela cidade. Assim, jornalistas e assessor de imprensa seguiram viagem com o veículo de apoio, a Carnival, enquanto o engenheiro, fotógrafo e o videomaker ficaram na cidade-fronteira para o reabastecimento, o que ocorreu somente no período da tarde, por mais de três horas e meia, para chegar à autonomia de 340 km e vencer a distância de 327 km.
Em Montevidéu, o EV6 foi direto para o posto de abastecimento da ANCAP para carregamento total, já que, no dia seguinte, os jornalistas brasileiros dedicaram-se a fazer “passagens” para seus vídeos e sessões de fotos. Fim da primeira etapa. Em paralelo, a Kia Uruguay, empresa pertencente ao Grupo Gandini, providenciava a aquisição de um cabo de conexão, em caso de – em território uruguaio – haver necessidade e também no retorno do EV6 a Itu.